24 maio 2013

Em nome da Vida!

Charge de Edgar Vasques

No Sul 21:
Manifestantes vão às ruas contra corte de árvores em nova marcha em Porto Alegre

Manifestantes voltaram a percorrer as ruas de Porto Alegre após a marcha de segunda-feira. Mesmo depois da decisão judicial que permite o corte de 115 árvores no Gasômetro, a mobilização permanece | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Iuri Müller e Ramiro Furquim

Mais uma vez, manifestantes marcharam nas ruas de Porto Alegre para protestar contra o corte de árvores próximas à Usina do Gasômetro, medida permitida pela Justiça gaúcha na última semana. Na noite desta quinta-feira (23), em torno de trezentas pessoas – entre estudantes, ativistas ambientais e trabalhadores – se reuniram em frente à Prefeitura municipal e rumaram em direção ao acampamento que, há mais de um mês, permanece na Avenida João Goulart.

Os manifestantes iniciaram a movimentação por volta das 18 horas, quando novos cartazes começaram a ser pintados no chão da Praça Montevidéu. Na última segunda-feira (21), foi realizada a primeira marcha depois que, na semana passada, a Justiça gaúcha decidiu de forma unânime pela liberação do corte de 115 árvores na Avenida Beira-Rio – via que passará por reformas em função da realização da Copa do Mundo de futebol. Desde então, a Prefeitura pode iniciar a remoção a qualquer momento, ao passo que os acampados prometem continuar no local.


Nesta quinta-feira, a movimentação para a marcha se deu na Praça Montevidéu, em frente ao prédio da Prefeitura. Com cartazes, os manifestantes pediram pelo recuo do poder municipal | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Ambientalistas com bandeiras verdes se juntaram a crianças com rostos pintados, que por sua vez caminharam ao lado de vereadores, professores e secundaristas. Através de gritos e cartazes, apontavam a voz e as letras para o prédio do Paço Municipal. Pediam o recuo do projeto, a atenção da Prefeitura para as bicicletas e as ciclovias, questionavam o recurso financeiro utilizado para as obras da Copa do Mundo e, como na outra noite, pediam por “mais amor e menos motores”.
Presente na manifestação, o poeta Diego Grando opinou que “o movimento nas cidades, nos bairros, é ideal para as pessoas serem tocadas por questões como o transporte, o meio ambiente. Por vezes os assuntos a nível nacional ficam distantes, mas os locais são jogados na nossa cara quando abrirmos a porta”. O objetivo central do protesto – que unia ambientalistas a pessoas sem o mesmo histórico de militância no tema – era sem dúvida o descontentamento com o corte das árvores, mas havia questões maiores envolvidas no ato.
“E o que nós queremos / é nenhuma árvore a menos”
A vereadora Sofia Cavedon (PT), em entrevista para o Sul21, afirmou que de fato “juridicamente são difíceis as chances de reviravolta”, ainda que “possa haver um alento” relativo à atuação da promotoria do Ministério Público no caso. Para Sofia, o movimento é “indiscutivelmente legítimo, até porque reuniu, além de estudantes e militantes da área, o apoio de entidades como o Instituto de Arquitetos do Brasil, por exemplo”. Para Sofia Cavedon, “não se trata apenas da remoção das árvores, mas do espaço do Gasômetro que pode servir para lazer, cultura e esporte”.


O destino final da caminhada foi o acampamento que, há mais de um mês, permanece na área em que as árvores podem ser removidas. Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Nesta quinta-feira, foi noticiada em parte da imprensa a informação de que a Prefeitura havia desistido da negociação com os manifestantes acampados. Presentes no protesto de hoje, alguns deles comentaram que, embora representantes do poder municipal tenham de fato visitado o acampamento, não houve nada parecido com uma negociação formal. Entre os pontos passíveis de negociação, estaria a permanência de cerca de vinte árvores na região próxima ao Gasômetro – o que gerou o questionamento sobre a necessidade de figurarem no projeto inicial, se não precisam invariavelmente ser removidas.
Após permanecerem por cerca de uma hora e meia na Praça Montevidéu, os manifestantes seguiram pela Rua da Praia até o Gasômetro. No acampamento às escuras, fez-se uma breve discussão em volta de uma fogueira improvisada. Ali, se decidiu pela realização de outra marcha, na próxima segunda-feira (27), e pela continuidade da resistência – que, aliás, não arrefeceu após a decisão unânime do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Indiferentes à resolução judicial, o movimento aposta na presença forte nas ruas para reverter o quadro e manter as árvores de pé.

Veja mais fotos da manifestação no Centro de Porto Alegre (fotos de Ramiro Furquim/Sul21):






























Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/2013/05/em-nova-marcha-manifestantes-gritam-nas-ruas-contra-o-corte-de-arvores/